Para onde vai o nosso lixo?



Com toda certeza alguma vez na sua vida você já deve ter se perguntado para onde vai o seu lixo, né? Mas você já parou para pensar porque nunca foi atrás da resposta?

Pois é. Essa falta de interesse no nosso lixo em grande parte se dá por uma equivocada compreensão que as pessoas costumam ter de que tudo que descartamos, quando sai da nossa casa, não é mais problema nosso. E se você é uma dessas pessoas, fique sabendo agora que, parafraseando Antonie Saint-Exupery, tu te tornas eternamente responsável por aquilo que descartas.

Precisamos entender que quando dizemos que estamos jogando algo FORA, estamos apenas mudando esse algo de lugar. Algo que continuará DENTRO do planeta e impactará o meio ambiente de alguma forma. O seu lixo não desaparece quando você tira ele da sua casa, pelo menos não imediatamente (um plástico, por exemplo, demora mais de 400 anos para se  decompor, como já te falamos).  

Para que você entenda melhor como o seu lixo pode afetar o meio ambiente, precisamos te responder aquela perguntinha lá de cima: para onde vai o nosso lixo?

Vamos lá!

A responsabilidade pela coleta e destinação dos resíduos sólidos é dos Municípios. Via de regra, as Prefeituras terceirizam esses serviços de empresas especializadas, que recolhem periodicamente os resíduos domésticos através dos conhecidos “caminhões de lixo” e os transportam até um local predeterminado. 

Triste informação a ser dada nesta parte: 1 a cada 12 brasileiros não possui coleta regular de lixo na porta da sua residência. Loucura, né? A estatística é de que das 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos gerados por ano no Brasil, 8% (equivalente a 6,3 milhões) não foram devidamente coletados.

Tá, mas e os 72,7 milhões de toneladas restantes? Bem, o restante é levado pelos “caminhões de lixo” até os aterros sanitários ou lixões.

Os aterros sanitários, que representam a destinação de 59,5% dos resíduos sólidos urbanos produzidos no país, são terrenos tratados para recebimento do lixo. O solo possui uma base impermeabilizada e o lixo vai sendo armazenado por camadas, em locais escavados, evitando a contaminação do solo pelo chorume (líquido poluente decorrente de processos biológicos, físicos e químicos da decomposição dos resíduos orgânicos). Além disso, como os resíduos são recobertos, evita-se a concentração de animais e reduz-se a poluição local.

Embora os aterros sanitários possuam aspectos positivos e não demandem tanto investimento do Poder Público, eles duram apenas 20 anos e podem ser nocivos ao meio ambiente mesmo depois de inutilizados, pois continuam produzindo gases e chorume. Além disso, deve haver uma preocupação e controle com o lixo recebido, para que se evitem resíduos perigosos como lixos hospitalares e nucleares. Um aterro sanitário sem um bom planejamento e uma manutenção regular, acaba gerando, na prática, os mesmos efeitos que os lixões.

Já os lixões são grandes terrenos, quase sempre afastados dos centros urbanos, onde os resíduos são depositados a céu aberto (é verdade esse “bilete”). Apresentam menor custo aos Municípios, pois exigem poucos equipamentos e a mão de obra não precisa ser especializada, mas essa é a única vantagem. Eles causam a liberação de gases tóxicos e de chorume, agravando a poluição do solo, do ar e da água, além de atrair animais e moradores de rua, que ficam expostos a bactérias e doenças contagiosas. Os lixões são os verdadeiros representantes da ingratidão do ser humano com a natureza. 

As áreas degradadas pela deposição de lixo até podem ser recuperadas, mas isso demanda um custo elevado e por isso não costuma ser uma opção para as Prefeituras, que geralmente ou encerram a operação dos lixões ou transformam o local em aterro sanitário. A incineração do lixo, ainda bem, quase não é mais utilizada por ser uma operação de alto risco ao meio ambiente e que necessita de equipamentos de alto custo.

Não há dúvidas de que toda essa quantidade de lixo produzida diariamente, se não for tratada com responsabilidade e sabedoria, pode provocar danos para o homem, para o meio ambiente e até para a economia. Os resíduos mal gerenciados podem levar à contaminação local e à  proliferação de vetores causadores de doenças.

Portanto, é (muito mais que) indispensável que você faça a separação adequada do lixo na sua casa (orgânico, reciclável, vidro, baterias, óleo de cozinha usado). Esses resíduos não são destinados aos aterros ou lixões, pois são recolhidos pelo serviço de coleta seletiva da sua cidade e encaminhados a um centro de triagem.

A coleta seletiva facilita o processo de reciclagem e de transformação do lixo orgânico em adubo e gás metano. Na reciclagem os materiais que seriam descartados são reutilizados como matéria-prima, o que ajuda a preservar os recursos naturais, reduz a poluição do ar e da água, diminui a quantidade de lixo e ainda gera empregos. Já no processo de compostagem, ocorre a decomposição dos resíduos orgânicos, que transformam-se em adubo, material rico em nutrientes para uso na agricultura (temos que devolver à terra o que é da terra, não é mesmo?).

Como você pode perceber, o quadro é extremamente preocupante e a primeira atitude a ser tomada é a redução, um dos 7R’s da sustentabilidade sobre os quais já conversamos aqui no blog. Reduzindo o nosso consumo, estaremos também reduzindo a quantidade de lixo produzido e descartado no planeta. Se o consumo for indispensável, então devemos colocar os demais R’s em prática: reutilização, reciclagem, reparação, reintegração...

A consciência é o primeiro passo para a transformação e agora que você já sabe para onde vai o nosso lixo, tá esperando o que para começar a sua? 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Lançamos nossa loja!

Os 7 R's da sustentabilidade

DICAS para conservar seu sabonete por mais tempo!